Os republicanos e partidários da descentralização não notaram ainda a grande e principal virtude do regime democrático federativo, que está justamente na negação da rigidez e na oposição a toda forma sistemática. É corrente ouvir-se dizer que a forma de governo é indiferente à boa governação, e os nossos monarquistas se têm valido frequentemente deste conceito sem notarem que, num país sem tradições aristocráticas, o argumento só pode favorecer a República — regime plástico, móvel, flexível por excelência, contrário a toda fixidez, a toda consolidação. A República é uma forma instável de governo, que comporta e facilita todos os movimentos e todas as operações da vida social. É um governo neutro, quase que se pode dizer: amorfo.
Sem sair-se, assim, da aplicação do critério racional aos dados da "experiência", pode-se ligar sentido positivo à expressão dos três conceitos, aplicando-se a ideia de "progresso" ao prosseguir do homem, em busca de sua adaptação à Terra e à sociedade pari passu com o conhecimento do meio físico e com o exercício, educado, de hábitos refletidos, sobre os fatos da vida; e de civilização ao período ou estado da evolução em que a adaptação do homem à Terra e à sociedade, e da sociedade à Terra, se realizam, com aplicação da razão à experiência — em certo grau de equilíbrio e de harmonia. A "política" é o conjunto dos meios e processos de ação, material e social,destinados a promover o progresso e realizar a civilização.
Isto posto, a ação política será tanto mais conveniente, quanto mais racional e fiel à experiência.