Nas regiões já exploradas, as estradas de ferro precipitam a decadência das zonas intermédias e prolongam a exploração extensiva da terra: duplo desastre econômico e social. Nas regiões novas produzem sempre o segundo destes resultados. Nossa política precisa ser orientada no sentido da conservação das riquezas e da valorização da terra.
É menos exato dizer-se ainda que o progresso das populações do interior depende de estradas de ferro, coisa que se não dá senão quando as estradas se destinam a ligar localidades e populações prósperas e florescentes, a salvo dos riscos que pode causar uma excitação súbita do regime das trocas. Enquanto as localidades representam, como entre nós, núcleos de populações esparsas, sem progresso, normal e equilibrado, na expansão dos povos pelo território, como no caso do Rio de Janeiro, e de todas as nossas grandes cidades com foros e pretensões de civilização, que avizinham regiões quase incultas, habitadas,não por gente pobre e laboriosa, mas por bandos miseráveis de vadios, entre bárbaros e selvagens, — as estradas de ferro atuam como causas de ruína, facilitando o êxodo das populações para os grandes centros, o esgoto da terra, o consumo de produtos voluptuários e frívolos, a criação de hábitos, costumes, ambições e estímulos, contrários à estabilidade, ao trabalho, à vida serena e sóbria no pequeno torrão cultivado.
As estradas de ferro não entrelaçam as populações do interior, umas com as outras; não formam redes de relações recíprocas, movimentando a circulação interna: são vias de drenagem e de atração de povos e de riquezas, para as praças comerciais,