ainda hoje, cara a muitos espíritos, já se apresenta com outro aspecto.
Representamos, na grande maioria da população, um tipo étnico, que, em escasso território, curtíssimo período de ação livre, e pessimas condições de competência, realizou uma civilização brilhante e uma alta cultura. Como homens de trabalho e de coração, os portugueses não são excedidos por nenhum outro povo. Os índios, que foram senhores desta terra, podendo chamar-se os Adãos feitos de sua argila, deram-nos já tipos superiores de cultura; devemos ao negro tudo quanto, entre nós, existe, lembrando o esforço do braço humano. Mais de uma figura eminente de nossa história tinha sangue africano.
A questão que aqui se apresenta é a questão moral por excelência deste problema: que se deve entender por patriotismo, por amor à Pátria?
Se este sentimento não é unia simples ficção, ele traduz-se, em primeiro lugar, pelo laço afetivo que nos une à gente da nossa terra, que nos está ligada pela comunidade da raça, da língua, da religião, do trabalho, dos costumes, das leis, do conjunto de relações sociais que prendem o homem ao mito, a seu passado, à sua paisagem, e, principalmente, para o homem moderno, à prole, ao futuro dos filhos — nossos e daqueles com que convivemos. Esta é a pátria real, a pátria viva; este, o vínculo de afeição, positivo. Boa ou má, esta gente é a gente nossa irmã, a gente das nossas solidariedades íntimas e sinceras. É por ela que nos cumpre trabalhar e lutar, é a ela que devemos os esforços de nossos espíritos e de nossos braços. Compondo-se a sociedade nacional dos descendentes dos portugueses, dos africanos e dos