é que, no momento atual, todas as organizações governamentais tendem a ganhar em poder e energia; do que resulta que o poder central e o poder local desenvolvem-se concomitantemente, com sucessivas alterações e trocas na partilha das competências. A necessidade de ação direta e imediata sobre os objetos materiais e os interesses triviais do pequeno meio local torna- se mais palpitante, com a densidade das populações, a multiplicação e importância das relações; mas a necessidade de harmonia avulta proporcionalmente. Autonomia e soberania, descentralização local e força política da União deixam de ser, assim, elementos discordantes, para se tornarem verdadeiros tecidos, que se completam e se integram, no fim comum do bem da terra e do bem do homem.
Ocorre, neste ponto, o mesmo que se dá com a distinção clássica entre o espírito conservador e o espírito liberal, termos que deixaram de encontrar, nas sociedades contemporâneas, elementos representativos genuínos — não passando de simples hipérbole o dizer-se, por exemplo, que há, atualmente, no Brasil classes conservadoras — como também não representam divergências de orientação, no terreno das realidades. Conservantismo e liberalismo confundem-se, hoje, com a aceitação comum de noções preliminares da Política, que já não separa os espíritos em posições adversas; e os problemas do nosso tempo não se afeiçoam mais aos moldes dessas duas velhas divisões. O debate, entre políticos, sobre as teses que os separavam não tem origem em desacordo sobre princípios, senão no fato de que, tanto as ideias chamadas conservadoras, como as que