A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

por um outro organismo mais vasto. Isto não é nem unidade nem federação.

Se, em nosso regime federativo, a autonomia tem levado o país aos mais extremos abusos do poder estadual, ao domínio, sem freio, do campanário e do nepotismo — política de corrilhos e de famílias, que subordinou a política federal à pressão dos interesses partidários locais, sacrificando, tanto a União como os Estados, ao partidarismo e aos caprichos pessoais de seus mandões, a unidade era, no Império, um regime de inércia e de formalismo, sob as administrações, passageiras e indiferentes, dos delegados de uma política opressiva, que, em troca dos favores eleitorais obtidos para os amigos do governo central, prestigiavam, nas províncias a seu cargo, as figuras mais nulas dos grupos eleitorais, desdenhando as personalidades de valor e de caráter. Afinal, o que fez o Império e o que está fazendo a República, é mostrar que as formas de governo são ficções, quando não se adaptam ao caráter, e não acompanham a vida, dos povos; e, entre as duas formas, a artificial, para nós, era a unitária.

Na República não é da autonomia que nos tem vindo a desordem. A politiquice que nos corrói as instituições e dissolve a nação é fruto da evolução da nossa economia e da nossa educação. A educação argentária do yankee produziu, nos Estados Unidos, o tipo de seu homem representativo: o struggler-for-life de Wall Street; a educação literária do brasileiro produziu o candidato a emprego público e o político. A agitação factícia da nossa vida gira em torno deste eixo psicológico; e é preciso dizer que, se a República