A organização nacional; Primeira parte – a Constituição

das lutas, intensas e complicadíssimas, da sociedade contemporânea, estaria irremediavelmente perdido, se confiasse sua sorte ao regime da fraqueza e da dispersão, da palavra e da oratória, da desorientação e da inércia: os maiores defeitos, justamente, da nossa geração. O Brasil carece de um governo consciente e forte, seguro de seus fins, dono de sua vontade, enérgico e sem contraste. Este governo, só o regime presidencial lhe pode dar.

Este apelo ao parlamentarismo e ao unitarismo exprime apenas, de fato, a velha tendência do espírito humano para oscilar entre formas e moldes conhecidos de pensar e de agir. Solver e resolver repugna à maioria dos espíritos. Se todos tivessem uma justa noção dos problemas práticos, compreenderiam que mudar e substituir regimes políticos raro importa dar-lhes solução. Transformar é mais fácil que corrigir, aperfeiçoar e completar; dispensa o estudo: a forma está feita, basta adotá-la.

A descentralização e o governo presidencial são formas que convêm à índole da nação e ao temperamento político do nosso povo. Se o regime não foi executado, o ensaio de realização por que passou serviu para mostrar seus lados fracos, suas lacunas, suas imperfeições, na adaptação das instituições às condições práticas do país. Três grandes defeitos destacam-se, desde logo: organizada em sentido favorável ao desenvolvimento da autonomia, a federação agravou o mal orgânico da nacionalidade brasileira: a falta da solidariedade econômica e social, necessária à homogeneidade nacional — base da união política; extremo enfraquecimento do governo nacional,