Mauá

Rio, 6 de março de 1834.

Meu prezado amigo Exmo. Sr. Visconde de Mauá.

Estava na sala do Juízo do Desembargador Calmon no dia em que ele lavrava a sentença da reabilitação da vítima das ingratidões.

Quantas ideias tristes e alegres me assaltaram ali!

Aquele formoso passado de energia viril, de dedicação patriótica, de probidade, de ilustração, de desenvolvimento dos recursos naturais do Brasil, aquele passado de preponderância nobre no Rio da Prata e de fundação da grandeza da Amazônia, aquele passado de luta contra os preconceitos até dos maiores Estadistas, luta que nos deu as estradas de ferro, hoje salvação do Brasil; e ... o presente, isto é, a inteligência e o coração que presidiram aqueles grandes feitos, mártires da inveja, do egoísmo e das ingratidões!

Ah! meu amigo quanto pensei sobre isto.

Enfim, está V. Ex., depois do mais longo e minucioso inquérito, reconhecido o que ninguém de boa fé pôs em dúvida, honradíssimo e infelicíssimo! Deus lhe dê agora a resignação para só se lembrar do bem que fez, sem se importar com os males que sofreu!

... Seu grato amigo,

F. Octaviano.