Mauá

CAPÍTULO I

Razão d'este livro

Meu Mestre e meu Imperador.

... Começa em 1863 o período industrial da minha vida ...

Vossa Majestade e meu Pai não queriam que eu tivesse uma orientação além da vida tranquila da Ciência e do Professorado; mas o Visconde de Itaboraí, que também me devotava afeição paternal, dizia — André, quero que você suceda ao Mauá!


(De uma carta de André Rebouças a Dom Pedro II, no exílio — escrita em Cannes, 13 de maio de 1892).

A ideia de estudar, com particular interesse, a vida do Visconde de Mauá me veio, alguns anos passados, por circunstâncias acidentais.

A residência de verão que ocupo em Petrópolis, desde 1903, foi a única construção que, para seu conforto, levantou o homem a quem o Brasil deve a iniciativa simultânea de quase todos os melhoramentos materiais. Para si, para sua família, apenas ergueu aquela casa modesta, mais simples ainda do que hoje é.

Essa vivenda mesmo, não a pôde guardar até o fim da existência; o desastre comercial obrigou-o a alienar o único teto de que havia cuidado.

Na Corte, na Capital do Império, onde fora durante largos anos figura de relevo, o homem de mais importância e talvez o de maior fortuna, um triunfador na vida, morara em casas sem luxo, às vezes casas alugadas. Quando morou em casa melhor,