homens loiros, falando uma língua estranha, heréticos dos quais lhes contavam horrores e que custavam a acreditar que fossem homens. Outros, mais instruídos, viam nos primeiros ingleses aqui aportados os cidadãos de um país aliado de Portugal e inimigo dos franceses que haviam compelido o monarca a transportar-se às pressas para este lado do Atlântico.
Nos primeiros viajantes encontramos o depoimento daquele espanto como deste entusiasmo.
Conta Koster que, viajando de Natal para Açu, duma feita com ele vieram ter alguns homens, dizendo que tinham sabido que aí havia um inglês, e "inglês era bicho que nunca tinham visto". Depois, ouvindo-o conversar com o criado em seu idioma natal, comentaram: "Falam língua de negro".
Outro sertanejo pusera em dúvida sua nacionalidade, porque dizia, "inglês herético não pode ter aspecto de homem".
No Maranhão, um seu compatriota passeava a cavalo pelos arredores de São Luís, quando encontrou uma velha com quem entabolou conversação, sabendo que a mesma ia à cidade especialmente para ver um inglês herético, que diziam lá estar, e era bicho que nunca vira. Ao saber que tinha diante de si o "bicho" procurado, exclamou: "Ai! tão bonito!"
Esse espanto não era só no semibárbaro interior do Nordeste ou na cidade setentrional da zona dos cocais. Mesmo no sul, na região mais conhecida, não era menor a admiração.
"Nosso aparecimento em São Paulo", diz John Mawe, "excitou considerável curiosidade no povo, que parecia, por seus modos, nunca ter visto ingleses;