O ócio das sinhás, quando os gineceus se tornaram menos rigorosos, passou para a sala de visitas, para o teclado amarelento dos pianos desafinados ou para o peitoril das janelas e valem por magnífico instantâneo, desses que o lápis de Angelo Agostini fixou, para deleite de seus contemporâneos, estas linhas de Wells, no terceiro quartel do império: "Mas esse tempo (o que levam ao piano) é uma fração mínima, comparado ao gasto nas janelas, a olhar para fora; os peitoris ficam lustrosos pelo constante debruçar-se quando não são acolchoados de propósito. Subindo uma destas ruas de arrabalde, quentes, tranquilas, sem sombra, veremos (especialmente se vai conosco uma senhora), adiante e atrás de nós, longa fila de cabeças estendidas, de olhos fixos em nossa companheira; e ouviremos chamar á nossa passagem — Mariquinha! Joaninha! vem ver a moça estrangeira — e comentários sobre seu aspecto ou sobre seu modo de vestir, às vezes lisonjeiros, às vezes o contrário. E as críticas se cruzam dos dois lados da rua".
No tempo da escravidão o trabalho era quase uma degradação para os senhores e por isso se viam na sala de jantar as escravas sentadas em esteiras, cosendo, enquanto a senhora ficava a olhar... e a ralhar. A costura era feita a mão, presa uma ponta na almofada dura, posta sobre os joelhos, enquanto a agulha corria célere na extremidade oposta. As moças prendadas faziam renda, bordavam ou faziam flores artificiais, sem grande trabalho de imaginação, limitando-se a imitar indefinidamente os mesmos modelos. Orgulhavam-se as senhoras, porém, da perfeição dos doces, cada qual tendo sua receita secreta, e esses