braços dos amantes, e que casadas e solteiras eram todas iguais.'"Escandalizou-se, e com razão, a nossa visitante, mas logo um amigo (provavelmente francês) lhe disse: "Não, aqui não; embora eu não negue que tais coisas aconteçam no Rio. Mas, Mrs. G., não sabe a senhora, tão bem como eu, que em todas as grandes cidades, em seu país e no meu, como neste, certa porção de cada classe da sociedade é menos moral do que o resto? Em alguns países a imoralidade é efetivamente mais refinada; e quando as maneiras perdem sua grosseria, parecem despojados de metade de seus vícios." Era a voz do bom senso e da realidade.
Em 1827 depunha Walsh em favor do Rio, dizendo que aqui não se viam pelas ruas nem ébrios nem mulheres da vida airada. Estas iam às ladainhas e à missa no Recolhimento de Nossa Senhora do Parto "para lavar-se das manchas antigas e fazer arranjos para contrair novas."
"As visitas são cheias de formalidades. Veste o homem (que as mulheres só vão a convite, a jantares ou saraus) seu melhor traje, de chapéu alto, fivelas nos sapatos e nas ligas e espada à cinta. Chegado ao patamar da escada bate palmas e faz ch... ch... O criado, ouvindo o apelo, pergunta em tom fanhoso — quem é? — e vai avisar o amo. Se é amigo ou pessoa muito conhecida o dono da casa aparece logo, fazendo-o entrar, numa série de cumprimentos e zumbaias, pedindo desculpas pela maneira por que recebe a visita: barba de vários dias, cabelo despenteado, embora besuntado de banha, em mangas de camisa, atada com um cordão, deixando aparecer o peito, cabeludo e queimado de sol, as fraldas soltas, por fora