e na procissão, o Senado da Câmara carregava sua imagem com a coroa de pedras preciosas, segundo o preceito do salmo, que aplicavam ao santo — Posuisti in capite ejus coronam de lapide precioso —.
Henderson descreve a procissão de Corpus Christi. "Nesse dia, desde muito cedo, acorreram de todos os pontos da cidade, para as ruas Direita e da Quitanda, cabriolés puxados por mulas, com as senhoras em traje de gala, que vinham assistir à procissão. Nesta vinham à frente frades e padres carregando tochas e brandões. Os cavalos reais, suntuosamente ajaezados, e enfeitados de fitas, do focinho à ponta da cauda, eram levados por palafreneiros, casquilhamente vestidos, seguindo-se camareiros e uchões do rei. Vinham depois os magistrados e todos os funcionários públicos; fidalgos e ministros precedendo e seguindo o bispo, que carregava a custódia, sob soberbo pálio e acompanhado dos príncipes D. Pedro e D. Miguel que lhe seguravam o manto, e seguido imediatamente pelo rei. Acompanhavam a procissão algumas mil pessoas e, nas ruas por onde passava, estavam as janelas ornadas de panos de damasco, sedas e veludos bordados, apinhadas de mulheres, cheias de ricas joias.
Em algumas igrejas competia a um paroquiano mais abastado fazer as despesas da festa dos oragos, gastando com elas 700 a 800 libras, em troca do título de Imperador, que era outorgado a um menino, seu filho, o qual presidia à festa num trono, com o cetro na mão e servido por meninos e meninas de sua idade. Diz-nos Henderson, a respeito do imperador do divino, que vinha desde os tempos coloniais.