O Brasil visto pelos ingleses. Viajantes ingleses.

Nessas cenas de sábado de aleluia rivalizavam a rua Direita e a da Quitanda, cabendo nesse ano a palma à primeira, que gastara na festa mil libras esterlinas. Era o espetáculo do povo. Além dele: as festas da igreja e o entrudo, para todos; o teatro para os mais afortunados.

Sempre foi o carioca doido por música e bailados. Mas havia ainda outro motivo que o levava com entusiasmo ao teatro: — era aí que todos os acontecimentos políticos, velha cachaça dos brasileiros, eram anunciados e terminavam. À ópera nunca faltavam os imperantes, e mais esse motivo de atração para lá chamava todos os que se tinham na conta de finos.

Em 1808 ocupava ainda a casa de espetáculos pequeno prédio, pobre e mal iluminado, junto ao palácio. A plateia era oval, cercada pelos camarotes. Com exceção do destinado ao rei, todos os outros não tinham nenhuma comunicação com o exterior e eram intoleravelmente quentes. Na frente apresentavam grade aberta, grosseira, de extravagante pintura. A plateia era dividida em duas partes, separadas por uma grade: adiante as poltronas, e atrás a geral, onde os espectadores ficavam de pé. Candieiros de estanho presos às colunas dos camarotes e um candelabro de madeira serviam para a iluminação, e o cenário correspondia a essa elegante guarnição. A orquestra era pequena e mal acomodada.

Representavam-se dramalhões que, diz Luccock "um pouco de bom senso e de gosto baniriam para sempre da cena". E os atores, continua, "pouco menos desprezíveis e detestáveis do que as peças".