O Brasil visto pelos ingleses. Viajantes ingleses.

formando o passadiço. À popa o camarim, feito de bambus curvos e entrelaçados e coberto de palha ou de lona. Um girau, uma talha, trens de cozinha completam o mobiliário.

Admirou-se Burton do enorme apetite dos barqueiros e de sua facilidade em versejar, parecendo preferir o verso à prosa e não gostou dos improvisos a seu respeito. Mas o assunto principal era o amor, o louvor da cor-de-canela (86)Nota do Autor. E comenta: "Quanto mais e mais alto cantam tanto melhor para a viagem; o canto parece anima-los como as campainhas á mula." "As superstições do barqueiro", continúa, "são tão numerosas como suas cantigas. Ele acredita firmemente no Duendo ou Guaiajara, no Lobishomem, no Anhangá, em almas do outro mundo e na aparição de esqueletos, no mau padre que virou gato preto e no capetinha. Conhecem contos curiosos do cavalo dagua e outros animais fabulosos. O cavalo dagua é do tamanho de pequeno poldro, de casco redondo, crinas vermelhas, gostando de pastar nas margens dos rios. O cachorrinho dagua é de pelo branco, com estrela de ouro na testa; quem o vé póde pedir todos os dons da fortuna. O minhocão tem 120 pés de comprimento por dois de diametro, cilindrico, sem escamas, cor de bronze e com pequena boca com bigodes."