O Brasil visto pelos ingleses. Viajantes ingleses.

senhores, procedente de seu ganho em qualquer função, o que os não obrigava a estar sob vigilância imediata. No Rio muitas pessoas viviam de ter os escravos como carregadores (chamados pretos de ganho) e as escravas como quitandeiras.

Diz Fletcher que os escravos da cidade tinham mais benigno tratamento que os da lavoura, mas tal não é a opinião de Koster. No Rio de 1828 devia ser grande a crueldade, contando Walsh inúmeros casos, e dizendo que "nunca passeou em qualquer rua do Rio sem que aí uma casa não parecesse pátio de suplícios, onde as lamentações e gritos das vítimas, e o ruído dos açoites anunciavam castigo corporal". No Jornal do Comércio e no Diário havia todos os dias dez a doze anúncios de escravos fugidos e na praia de Botafogo apareciam com frequência corpos de negros que se suicidavam de desespero. Teriam piorado as coisas ou a visão de Walsh era muito mais pessimista que a de Caldcleugh? Em 1818 escrevia este: "Saindo do Valongo os escravos deixam para trás a maior parte de suas misérias, e sem querer que daí se conclua levarem vida regalada, ninguém pode afirmar, vendo-os cantando e dançando pelas ruas, que estão desesperados, em constante pesar de sua infeliz sina. Em muitos casos parece que fazem o que querem, e dominam completamente os indolentes amos".

Os melhores senhores eram os frades. Nas propriedades dos Beneditinos, em Jaguaribe, viu Koster cem escravos, todos nascidos no Brasil. Uma negra velha ensinava a doutrina aos moleques, que brincavam a maior parte do dia, ocupando-se, às vezes, em fazer torçais, para pavio das candeias. Aos 10 ou 12 anos as meninas começavam