O Brasil visto pelos ingleses. Viajantes ingleses.

mesmo as pessoas do mais elevado nível social, deviam fazer parar as seges ou cavalos até que ele passasse. De uma feita o cocheiro do Coronel José Gonçalves da Silva não obedeceu a esta exigência e foi mandado para a cadeia por quinze dias. Durante todo o tempo em que seu empregado esteve detido o Cel. Gonçalves da Silva lhe mandava as refeições, doces e guloseimas.

Tão orgulhoso em suas prerogativas era, no entanto, desleixado para a província que lhe tinha sido confiada. Em São Luís trabalhavam os presos pelas ruas, acorrentados e seminus; as estradas, mesmo na vizinhança da cidade, eram péssimas, tornando-se intransitáveis a algumas léguas de distância. Apesar disso viam-se as pessoas graduadas passeando em carruagens semelhantes às traquitanas de Lisboa ou "como os cabriolés, puxados por dois cavalos e que se veem em França ou em Londres".

Achou Koster as senhoras de São Luís menos reservadas que nas outras cidades brasileiras suas conhecidas. Era muito comum ver homens e mulheres à mesma mesa de jogo, sendo este, às vezes, levado a grandes excessos. Essa falta de reserva não era, porém, do Maranhão, pois em Alcântara, tão próxima da Capital e constituindo grande centro algodoeiro, foi Koster visitar uma família. Aí, diz ele, "faziam os gastos da conversação apenas duas velhas e os homens, limitando-se as moças a responder às perguntas que lhes eram diretamente feitas".