a limpeza, e nas festas formam um frisante contraste com seu aspecto quase repelente da intimidade, quando os homens aparecem de chambre, ou de camisa solta por fora das ceroulas, sem meias, o peito à mostra, com ares desleixados e de pouco asseio. As mulheres, com esse exemplo, pretendem justificar o modo negligente de vestir, quando em casa, e o péssimo hábito de escarrar constantemente, sem consideração pelas pessoas, lugares ou ocasião. As moças vivem reclusas. A mulher de Luiz do Rego tentou, sem resultado, introduzir as relações sociais entre as senhoras de Pernambuco. A princípio houve alguma animação mas pouco depois as famílias, se excusavam de comparecer às festas de palácio, pois saía muito dispendioso comprar vestidos novos para cada reunião.
Apenas nos meses secos, quando deixavam o Recife, havia um pouco mais de convivência. Viam-se botes, movidos a vara, subindo o Capibaribe, as senhoras elegantemente vestidas, com chapéus franceses, enfeitados de plumas brancas, gozando dessa liberdade transitória; ou banhando-se nos pontos remançosos, nadando com agilidade, os cabelos atados no alto da cabeça. Só no fim da quaresma voltavam ao Recife para as festas de igreja. Na quinta-feira santa viam-se todos os templos profusamente iluminados. As mulheres postavam-se o mais perto possível das grades, sentando-se no chão do grande espaço central. Os homens ficavam de pé, de cada lado do corpo da igreja onde, não raro, havia estreita faixa limitada por uma grade, ou perto da entrada, atrás das mulheres que tinham preferência, qualquer que fosse sua cor ou categoria social.