estaria ignorando muita coisa cuja indicação vagamente colhi nessa peça notável. Helio Lobo, um competente, um erudito em coisas de nossa diplomacia, confessa que desconhecia muito da parte que Mauá teve na política brasileira do Rio da Prata e que anseia pelo momento em que lhe seja possível resgatar o injusto esquecimento, exaltando com a autoridade do seu nome o trabalho colossal do auxílio dele à ação oficial de Uruguai, de Rio Branco, de Octaviano de Saraiva, de Cotegipe, da nossa boa diplomacia.
Não é pois a vaidade que me move; é a consciência de que preciso de protetores para o meu culto que não se esconde, que tem ufania de mostrar-se. Deste escudo precisa um estreante para se fazer lido; o biografado, não; já tinha a apoteose na sua obra e no juízo de seus contemporâneos.
Veremos, de fato, que não houve grande homem do segundo reinado que lhe não prestasse as homenagens do seu respeito. Dos que acidentalmente estiveram em conflitos pessoais com ele, só Zacharias não teve ocasião de reparar a injustiça.
Os outros não se furtaram a este dever de patriotismo. Considerou-se, em 1878, uma necessidade pública e um preito merecido, reformar-se uma lei para permitir a Mauá outra forma de liquidação do ativo, forma especial que era a homologação da manifestação de confiança dos credores, a maior que um falido poderia receber. Estes queriam que se saltasse por cima da lei e nesse sentido representaram ao Juiz mais de quatro quintos do crédito: "... uma falência tão volumosa não poderia ter sido prevista pela lei de 1850, um falido como Mauá não era um falido como os do Código...", alegavam. Advogou-se, então, uma exceção; o que se chamaria, com menos propósito, uma lei de emergência.
Quem redigiu o projeto foi Nabuco de Araújo, inimigo já reconciliado; e os ministros da Fazenda que por parte do Governo protegeram a medida favorável ao devedor do Tesouro, foram Gaspar da Silveira Martins, seu inimigo da véspera, e Affonso Celso (Ouro Preto), que não tivera com ele atrito pessoal, mas que não lhe devia ter simpatia porque fez parte