Mauá

do Gabinete Zacharias, que sofrera seus ataques violentos em 1866 e 1867.

Essa lei que se iria votar em honra de Mauá e em benefício do comércio, não chegou, porém, a tempo. Uma dissolução da Câmara retardou-lhe a marcha; quando foi aprovada, já não lhe trazia proveito. Mauá tinha requerido a sua falência. (Ver capítulo XXIX); estavam por pagar 27.000:000$; estavam pagos, nos três anos de moratória, 51.000:000$. Para sua memória, para a glória de seu nome, foi melhor assim. A lei de exceção teria permitido, com certeza, que os credores fossem pagos integralmente e que sobrassem alguns mil contos para a família. Mas, uma código de honradez estaria perdido — os autos de sua falência. Os credores receberam 90% em uma liquidação a martelo; ele apenas pôde trabalhar uns anos, como agente de câmbio, para sustentar a família e improficuamente lutar, sem força moral, para haver indenizações indiscutíveis, que destinava aos credores; mas para a história do comércio do Brasil ficou um grande nome honradíssimo e infelicíssimo, como disse Octaviano.

De uma testemunha daqueles dias terríveis da crise da praça em 1875, tenho a narração de cena que acrescenta uma página de beleza ao encanto de toda essa tagédia da queda de Mauá.

O narrador é o Dr. Dídimo Agapito da Veiga, Presidente aposentado do Tribunal de Contas, notável jurisconsulto, no pleno vigor de uma inteligência brilhante e de uma memória sólida. A cena desenrolou-se em casa do Conselheiro Costa Pereira, seu cunhado e Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Ministério Rio Branco. Agonizava de velhice o Ministério; iria sucumbir daí a quatro semanas. O escândalo do dia era a suspensão de pagamento do Banco Mauá, do Banco Alemão e do Banco Nacional; e o Tesouro possuía cambiais de Mauá protestadas. Tremendos os ataques no Parlamento e na imprensa.

Alguém quis cortejar o Visconde do Rio Branco:

— "O Mauá andou mal. Devendo tantos favores a V. Ex. bem deveria ter afastado esta tempestade; podia ter atirado o