Mauá

prejuízo sobre outros. Não devia prejudicar o Tesouro em 10.000:000$, expondo V. Ex. aos insultos desses miseráveis".

Rio Branco, calmo e sereno, atalhou: "Há um engano nas cifras; não são dez mil, são uns sete mil aproximadamente. Diz o Mauá que o Tesouro receberá integralmente e a palavra dele deve ser acreditada, mesmo depois de falido. Em todo caso, se o prejuízo for total, não representará a décima parte do que a nação lhe deve".

Esta cena íntima teve dias depois uma repetição pública no Senado.

Zacharias, com a sua habitual crueldade, tomava contas a Rio Branco, face a face.

"... Mas, quando um banco se estende por toda a parte do antigo e do novo mundo e se mais mundo houvera lá chegara, quando tem uma casa aqui, outra em Belém do Pará, outra em Londres, outra em Montevidéu, três em São Paulo e três em Rio Grande do Sul... o Ministro que se preza não o constitui passador de cambiais para a Europa... A amizade sempre do nobre presidente do Conselho.., a fé do carvoeiro... a ingenuidade da pomba que voa, quebra o peito na parede e cai ..."

Soberano, Rio Branco reafirma a sua confiança em Mauá — estava persuadido que o Tesouro não teria prejuízo, que o Banco Mauá pagaria integralmente: "... espero em Deus que não haja prejuízo de um real..."

Zacharias explode:

"... Pensa que o nobre presidente do Conselho espera este resultado do Grande Arquiteto do Universo, de Deus ... Não, não crê que a Providência faça tais milagres: só o Grande Arquiteto o fará. Ainda não viu falido de certa ordem que não dissesse que pode pagar integralmente; ainda não viu, porém, nenhum que pagasse... O orador queria ver no poder o nobre Marquês de São Vicente, outro antigo do Sr. Visconde de Mauá, assumindo a responsabilidade de tal posição".

São Vicente não se fez rogado:

"Começarei por manifestar que sou amigo do Sr. Visconde de Mauá, brasileiro muito ilustrado, muito honrado e a quem o