Naquele momento de desilusões, ninguém falaria com mais alma.
No artigo admirável, que é um ato de fé, Mauá não se referia mais ao seu plano integral; mas, esse estava anteriormente traçado. Ir até Mato Grosso, não era pouco caminhar para um concordatário de 62 anos de idade!
Construiria a linha até Mato Grosso, o projeto de W. Lloyd, exposto em longa petição de Ch. Palm ao Presidente da Bolívia em 4 de dezembro da 1871, teria sua sequência fatal. Invadiríamos pelo sul os planaltos da Bolívia e chamaríamos para Paranaguá essas riquezas que agora estão descendo pelo Rio da Prata. Já nossa tributária economicamente ao norte, pela facilidade que lhe oferece a bacia do Amazonas, a Bolívia seria o nosso território alargado. De seu lado, a Paraguai teria seu lento progresso assegurado pala facilidade de um ramal de comunicação que; encaminhando-lhe a produção ao porto de Paranaguá, o aproximava muitos dias da Europa. Do coração do continente e de toda a orla do Pacífico, transpondo os Andes, viriam cargas e passageiros, para o grande tronco interoceânico brasileiro.
Hoje que tudo isto está feito, em boa parte e em mais difíceis condições, pela Argentina, quando nós, ainda longe, pensamos em chegar, um dia, atrasadíssimos, à fronteira da Bolívia para enfrentar concorrência de quem nunca nô-la poderia fazer se nos tivéssemos instalado a tempo, enche de tristeza pensar quanto teria ganho o Brasil se a falência de Mauá tivesse sido evitada ou mesmo se, ao menos, tivesse sido adiada por dois ou três anos.
Entramos agora, está claro, no mundo das conjecturas, o que não quer dizer mundo de fantasias.
Os estudos estavam no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, acompanhados do minucioso relatório de W. Lloyd, em que o ponto de vista prático, a parte econômica e as conveniências da empresa eram tratadas com a proficiência esperada de sua capacidade profissional e da seriedade de todos os concessionários.