Mauá

e ligando-se às linhas que já desciam pela cordilheira até o Pacífico e, noutra direção, iriam encontrar os afluentes do Amazonas.

O caminho da nossa exportação de Mato Grosso e de uma parte de São Paulo e Paraná ter-se-ia desviado ligeiramente para o sul com um encurtamento considerável nas distâncias; o Paraguai e a Bolívia seriam territórios economicamente acrescidos ao Brasil, seladas pelo interesse comercial as nossas boas relações políticas com esses vizinhos.

É preciso deixar que trabalhe a imaginação do leitor para somar as riquezas e a força que perdemos e que ainda perderemos por muitos anos, até que tenhamos construído o que falta, hoje que o dinheiro é mais difícil e o custo das obras será pelo menos cinco vezes mais alto.

É preciso deixar que trabalhe o coração do brasileiro para sentir quanto terreno temos perdido, vendo já, neste momento, os nossos vizinhos argentinos ocuparem com seus trilhos, com seu comércio, com seus bancos, com o trabalho de seus filhos, aquelas regiões onde Mauá quis antecipar-se.

Saindo desse campo de conjecturas, há uma afirmação que se pode formular: é que o Brasil seria maior se a Casa Mauá se tivesse mantido de pé mais alguns anos.

O aspecto econômico e prático da empresa estava exaustivamente traçado na Memória, apresentada por W. Lloyd ao Governo Imperial.

"O homem pobre contenta-se construindo uma tosca choupana, o rico deleita-se na construção de magníficos palácios. No caso presente trata-se de uma via férrea para pobre, sem a menor despesa supérflua, só tendo em vista dar aos imigrantes, aos agricultores do interior do país, o meio mais fácil e econômico de transportar para os mercados os resultados da sua indústria ou os produtos de sua agricultura ... Podemos conscientemente afirmar (como quem percorreu e explorou toda a zona) que, construído o caminho de ferro que projetamos, não haverá mais motivo algum que impeça os imigrantes da Europa a virem estabelecer-se nos magníficos planaltos das