Mauá

uma trindade gloriosa de pioneiros do nosso progresso na segunda metade do século passado, tendo todos os três bem compreendido que para darem ao país uma boa colonização, era mister preparar antes as vias de comunicação e de transporte."

Mas, é Mauá, homem de Plutarco, que parece ser a surpresa maior e o maior encanto de Paulo Prado.

Dou parabéns à minha fortuna de ter despertado para esse lado particularmente a atenção de Paulo Prado e de outros generosos comentadores da conferência.

Não me iludo; não podiam ficar sob esse aspecto, desenhados com proporções, neste livro, as linhas gigantescas desta figura. Falta fôlego ao pintor, falta espaço no livro. É a publicação das Obras de Mauá que irá revelar o varão de Plutarco.

São os seus discursos, são os seus pareceres, são os seus relatórios, são os seus artigos de imprensa que chegariam para compor volumes, são as suas cartas íntimas, esses documentos de uma alma pura onde parece não haver uma falha de bondade, nem de energia.

É nas suas cartas principalmente que se vai medir tal estatura. Não é nas obras que fez, nos livros que escreveu, que se estuda o homem, diz Lamartine: "C'est dans les livres que l'homme a écrits sans penser qu'il faisait un livre, c'est à dire, dans ses lettres".

O Mauá varão de Plutarco há de ser conhecido, em seu brilho intenso, num resto de correspondência que se pôde salvar do naufrágio e do fogo e que ando recolhendo e catalogando para ser editada em dois volumes.

Ao lado desses documentos, quase todos ignorados, poder-se-á ler, então, com a mais patriótica compunção, essa Exposição ao credores de Mauá & Cia., onde a preocupação do falido foi ainda esboçar problemas nacionais, rasgar novos horizontes aos brasileiros e pedir aos credores que continuassem sua obra, desenvolvendo o que ele criou, criando o que ele não pôde produzir.