Meu caro Primitivo: recebi e lhe agradeço, de coração, o seu segundo volume da A Instrução e o Império. Vou lê-lo com o mesmo interesse com que li o primeiro volume. O seu trabalho me enternece. Acho que está a fazer pela educação mais do que muitos que vivem a pregá-la e não saem da sua pregação. Aliás já lhe disse que o primeiro volume me mostrou como esse foi — e não será ainda? — o defeito capital dos educadores brasileiros. Estivemos todo o tempo com grandes planos gerais, com grandes debates de princípios, chocando ideais educativos. E nada de lhes estudar os problemas concretos, de lhes analisar as necessidades reais e típicas: de examinar as dificuldades e facilidades características de execução, de realização. O seu trabalho, no Brasil, é um primeiro passo para o estudo intelectual da educação nacional. Com os seus volumes, estamos a sentir ao vivo como nunca faltaram ideias... Essas proliferaram num crescimento sem controle, desordenado e rico, como a vegetação das cabeças dos adolescentes. Aqui e ali, um cérebro sério, disciplinado, sentia as intimações da realidade. Mas isolado, sem apoio, levantava a sua voz, na esterilidade daquelas macegas impetuosas de geradores espontâneos de ideias e teorias e princípios. Se ao lado dos seus quatro volumes de história das ideias educacionais