Acreditamos que pouco se deve tirar ao atual curso (1883) do Colégio Pedro II. Não quer dizer isto, que não deva ser reorganizado e talvez dividido em duas seções, uma em que predomine a feição cientificamente utilitária, preparando para as profissões imediatamente ligadas às ciências exatas e naturais, e outra mais acentuadamente literária, dando acesso às Faculdades de letras, direito e teologia; cercear, porém, o quadro do ensino do colégio e dar entrada nos cursos literários superiores a candidatos que apenas possuam os conhecimentos ora exibidos nos denominados exames gerais pelos aspirantes à matrícula nos cursos superiores atuais, será falsear a base sobre que deve assentar a futura construção universitária. Poderá ser bom médico ou excelente engenheiro quem mal tenha estudado as suas humanidades; nunca, porém, aproveitará em curso exclusivamente dedicado ao estudo das altas questões filológicas, históricas ou filosóficas os que apenas dispuserem das minguadas e mal conexas noções exigidas para a matrícula nas faculdades do Império. Assim pensamos que só o conjunto de conhecimentos que constituem o atual curso de bacharelado em letras, e se menos, do que isso muito pouco menos, deve facultar a admissão ao ensino superior literário.
Destinada a futura Faculdade à cultura dos espíritos assim preparados, resumido pode ser o seu curso em três anos. Excessiva ambição, e provavelmente seguida de mau êxito, fora a que sonhasse para o nosso país uma faculdade com a multiplicidade de cadeiras de que tanto se orgulham as universidades alemãs. Convém que os cursos da nossa primeira Faculdade de letras não se prolonguem por mais de três anos, e ainda assim oxalá que satisfatoriamente