A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

o arcebispo metropolitano e primaz da Bahia, D. Romualdo Antonio Seixas, chamou a Feijó, em suas Memórias (1)Nota do Autor "um antigo e rancoroso inimigo", e o trata por forma que não concorda com a caridade cristã. Dele, entretanto, é o seguinte juízo: (2)Nota do Autor "Era um homem de poucos conhecimentos, bem que hábil e resoluto. Aspirando a glória de reformador da Igreja de seu país, ele pretendeu não só dotá-la com as doutrinas da Constituição Civil do Clero de França, mas ainda mimosear os nossos Padres com a permissão do casamento, sua mania predileta, e que sustentou com todo o calor possível. Inimigo de sua classe procurou despojá-la de sua independência e antigos privilégios, e nunca se servia do poder e influência, que grangeou, para prestar-lhe o menor auxílio ou favor. Todavia, como particular, e no próprio exercício dos cargos publicou, mostrou virtudes morais mui recomendáveis, não lhe faltando senão o amor e o espírito de seu estado sacerdotal".

Nesse julgamento, pouco indulgente em certos pontos, se encontram elementos de uma apreciação desapaixonada. De fato, na regência, Feijó olvidou-se que era sacerdote para só agir como chefe de Estado. Nem se pode dizer que, em seu galicanismo, exagerasse; era a tradição dos reis de Portugal, a de toda a administração lusitana que o inspirava. O que de novo aparecia, eram as sanções que queria instituir, e que conduziam em direitura à separação confissional, embora o negasse ele e, cremos, de boa fé, no extremo a que levava a distinção entre disciplina e artigos de fé. Olvidava que, após tergiversações numerosas no correr dos séculos, desde o Concílio de Trento, em sua 24ª sessão, no nono cânon, o celibato clerical se havia praticamente, senão formalmente, tomado ponto de fé.