CAPÍTULO XI
TRÁFICO. COLONIZAÇÃO. FINANÇAS.
Não se resignavam as populações rurais ao brusco cessar da chegada de mão de obra servil. Por todas as formas possíveis, buscavam burlar as estipulações do tratado inglês.
Agiram sem auxílio oficial, na maior parte das vezes, pelo menos no tocante aos diretores da máquina administrativa, e aos chefes dos partidos. Excepcional seria a conivência por esse lado. Em compensação, gozavam do concurso quase ostensivo dos elementos partidários locais; e, como estes dispunham das nomeações de autoridades, judiciárias e policiais, pode-se dizer que o tráfico se realizava sob as vistas indulgentes e sob a proteção benévola do poder público.
Movidos pelo estímulo insubstituível do interesse pecuniário, em almas desse quilate, conseguiram organizar um aparelho de tal eficiência, que chegou a importar 60.000 negros em um ano, e que a média não deveria andar longe de 43 a 45.000.
Para figurar o grau de perfeição atingido, basta citar os empecilhos a vencer: o recrutamento na costa africana; a concentração dos escravos até a chegada do navio negreiro; a entrada deste no esconderijo onde esperaria a carga, e o momento de partir, sem correr demasiado risco de captura; a fuga marítima, ante os cruzeiros; o varar em terras do Brasil e o desembarque dos cativos; os meios