CAPÍTULO IX
A FRONTEIRA BOLIVIANA
Haviam deixado traço nas relações entre Brasil e Bolívia os acontecimentos de 1824 e de 1825. Existia má vontade contra o Império, por motivos numerosos.
A infeliz iniciativa de Carvalho e Mello, a 2 de julho de 1824, convidando os governadores de Chiquitos, de Santa Cruz de la Sierra e de Moxos a se juntarem ao Brasil, havia predisposto os ânimos desfavoravelmente, embora o convite datasse de momento em que se ignorava e não previa o triunfo definitivo da causa boliviana.
A ocupação da província de Chiquitos, em 1825, apesar de imediatamente restituída, logo que no Rio se teve notícia do ilegal procedimento das autoridades de Mato Grosso, era outra fonte de ressentimento.
Restos, quiçá, da hostilidade ancestral dos dous povos da Península, e consequências também das lutas formadoras da fronteira. Talvez, ainda, sentimento de rivalidade de um Estado em permanente convulsão revolucionária, com a estabilidade relativa do regímen imperial.
Todos estes fatores haviam colaborado no fato, positivamente hostil, do consenso dado em 1834 pelo general André de Santa Cruz, aos planos uruguaios de formação de uma grande liga hispano-americana, para forçar o Brasil a aceitar o linde que ela lhe impusesse.