A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

Carlos X, já menos ponderado, teve de continuar a mesma política, e Luiz Philippe, voltando à intransigência pacífica de Luiz XVIII, não media esforços para assegurar a paz, que ele bem sabia ser a base da cicatrização das feridas de um quarto de século de guerras revolucionárias e napoleônicas. Assim preparava seguramente e sem luta cruenta para a França, a volta do prestígio preponderante que suas vitórias lhe haviam grangeado. Rei constitucional, tinha de obedecer às indicações dos votos das Câmaras; inda assim, para cumprir seu dever de poupar a desgraça da guerra à sua pátria, não hesitou em expor-se à justa crítica de intervenção pessoal. Por duas vezes, especialmente, tal conduta salvou a paz; em agosto de 1836, ao provocar a demissão de Thiers que queria impor a expedição da Espanha contra o carlismo, o que levaria ao desencadeamento de uma guerra europeia; a 8 de outubro de 1840, aceitando a demissão do mesmo Thiers, cujas tendências belicosas iam acender e generalizar o grave conflito entre a Porta Otomana e o vice-rei do Egito, conflito explorado por Palmerston e Ponsomby contra o gabinete francês.

Nesta política, Émile Bourgeois (1)Nota do Autor enxerga, com razão, a principal raiz da insurreição que, a 22 e 23 de fevereiro de 1848, varria Guizot e a monarquia de julho. Acusaram ao governo de subserviência à Áustria e ao absolutismo, quando, ao contrário, continha à primeira e procurava abrir os olhos aos príncipes obcecados, que se deviam atender as reclamações populares. Vingavam-se as tradições nacionais, dezessete anos recalcadas por Luiz Philippe, pacifista intransigente. A revolução começou, a 22 de fevereiro, com uma tumultuosa manifestação no boulevard des Capucines, em Paris, onde se achava então o ministro dos Estrangeiros, e daí se generalizou.

Enquanto pôde, o rei amorteceu choques entre a Europa e a França. Mais tarde, a partir de 1839, quando