A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

Como era natural, em Chiquitos se achava o foco principal da agitação antibrasileira. Por 1836 e 1837, começou o governador da província a conceder sesmarias a particulares, em terrenos de antiga posse da província de Mato Grosso. A princípio, considerou-se o fato como mero excesso de uma autoridade local, a contestar, por insuficiente conhecimento histórico, o direito assegurado ao Império por velhos ajustes e prolongado reconhecimento.

Não se pensava em que tal atitude obedecesse a plano vindo de Chuquisaca, a capital boliviana, pois então assumiria o aspecto de verdadeira hostilidade, praticada por ordem das autoridades supremas da República.

Nesse pressuposto, limitou-se o governo a instruir o presidente de Mato Grosso para reclamar terminantemente contra tal modo de agir, junto ao governador de Chiquitos, e, ao mesmo tempo, afetou o negócio ao encarregado de negócios em Chuquisaca, que era o grande Duarte da Ponte Ribeiro, um benemérito de nossa terra em todas as questões de fronteiras.

Breve conheceu, entretanto, o resultado equívoco dessas primeiras medidas, e refletiu nos embaraços que vêm complicar os debates mais simples, quando não atalhados logo em seu início.

Para evitar tais possíveis enredos, julgou o governo imperial oportuno dar a Ponte Ribeiro instruções mais enérgicas, exigindo o abandono das indicadas sesmarias.

Foi de indubitável boa-fé a ação do governo boliviano, e neste achou o diplomata brasileiro um interlocutor cheio de boa vontade e do desejo de encerrar o desagradável incidente. Já em princípios de maio de 1838, sabia o ministro de Estrangeiros Maciel Monteiro que estava abandonada a concessão feita à margem esquerda do rio Paraguai, e prestes a sê-la a outra, no lugar chamado Onças, às margens do rio Jauru.

Para evitar correrias e depredações nas fazendas nacionais daquela fronteira, constantemente realizadas por bandos de verdadeiros salteadores, de comum acordo