A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

e como explanação da convicção que tem de seus direitos, enquanto a Inglaterra ainda não saiu de vagas alegações, de manifestações de desejos, e nenhuma positivação trazendo. Ainda provavam a seriedade com que o Império encarava, e o valor que dava, a suas relações com Londres.

Por esses motivos todos, estava certo o governo brasileiro de que seria respeitada sua posse bona fide, não contestada, do território do rio Branco, e de que seus súditos seriam igualmente respeitados e não sofreriam expulsão violenta por parte de autoridades inglesas, como ora estão ameaçados de ser, quando mesmo conviesse proceder a trabalhos preliminares de demarcação, discutindo-se direitos, e mesmo declarando neutra a região e independentes as tribos que a povoam, até que em julgado passasse uma sentença decisória.

Contra tais ameaças se via o governo imperial forçado a protestar, por honra e dignidade da coroa.

Tal o desejo de manter e estreitar as relações de amizade e bom entendimento felizmente existentes entre as duas nações, e tal a moderação do Brasil, que não hesitava em propor um acordo análogo ao que, em circunstâncias que lembram um pouco as vigentes, após longos debates se estabeleceu entre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. O acordo a sugerir parecia, aliás, exprimir o pensamento de Ouseley em sua primitiva nota, e mais claramente na recente comunicação de Hamilton. Ainda decorria da intimação de Crichton, onde se achava um trecho que permitia ao governo imperial não deixar de atender a um possível meio conciliatório para firmar uma situação amistosa, sem comprometer seus direitos.

Referia-se à frase "que o Pirara era território neutro", longamente definida por Crichton. Parecia, pois, que a Inglaterra considerava como tal a região ocupada.

Certo, nas condições em que se dava a ocupação, e na falta de quaisquer alegações sobre a pretensão britânica, poderia o Brasil, menos moderado fosse o ânimo de seu governo, achar motivos para retardar sua aquiescência