de simulação, para de um negro boçal fazer um negro ladino; sua disseminação pelos receptadores; sua venda clandestina.
O que, sob o aguilhão do lucro, o comércio de ébano animal (nem sequer o considerariam humano) logrou realizar, é realmente surpreendente, como prova de quanto o espírito de livre associação é superior às regulamentações legais. Claro, não nos ocupamos do aspecto social e moral do problema. Acrescentemos ainda que, inconfessadas embora, contavam os negociantes de carne humana com mil e uma facilidades, condescendências, faltas intencionais de perspicácia, e muitas vezes cumplicidades mais ou menos evidentes de agentes do poder.
Os chefes estavam pela lei e a mantinham; seus subordinados, porém, quando mais não fosse, por passividade, lhe facilitavam o desrespeito. Seguros estavam de serem protegidos pela unanimidade dos fazendeiros.
Tal aspecto dos interesses econômicos refletia na vida dos partidos. Nenhum se atrevia ostensivamente a contrariar o sentimento geral, escravocrata. Só os chefes, mais lidos, mais observadores, a par do erro que dava como gratuito ou barato o labor servil, o condenavam e queriam abolir e substituir. Mas os subordinados, chefetes locais, para poderem contar com seus votantes e eleitores, precisavam acompanhar as convicções reinantes; chefes, obedeceriam a seus soldados, para lhes conquistar a docilidade na execução das ordens. Aliás, em sua imensa maioria, partilhavam o mesmo modo de encarar o fenômeno.
Daí, uma antítese, aparentemente paradoxal: elites dos partidos a combaterem o tráfico e lhe procurarem sucedâneos; subchefes e autoridades menores a assegurarem a situação existente, desmentindo e contrariando as afirmações oficiais dos diretores de grupos. Mesmo sem entrar na análise do influxo da ação inglesa em todo o período, tal conflito entre cabeças pensantes e orgãos de