e lógica, cuja necessidade é patente; e se eles souberem grego bom será, assim como o alemão, inglês, mas não sejamos tão exigentes.
Quanto a maneira porque são nomeados os lentes, ela é mui prejudicial a prosperidade das escolas, pois que o governo só, e por seu beneplácito nomeia quem lhe parece por uma reputação popular, que em medicina é muitas vezes bem fácil de capacitar-se, ou por um título acadêmico, que supõe, mas não dá sempre a capacidade necessária. Portanto os concursos, que na criação de uma escola é impossível estabelecerem-se, são indispensáveis daí em diante, logo quo já há quem possa julgar.
Outro grande defeito das escolas do Brasil é, não terem uma só cadeira das ciências chamadas acessórias, que tem por objeto o estudo da natureza, ou dos corpos, e suas propriedades gerais e particulares. O homem empregando-se a cada passo nas suas diferentes precisões, tem infinitas relações com eles, o seu organismo recebe deles mil influências diversas, o corpo humano como corpo participa das leis impostas à matéria, por isso o estudo de medicina não pode ser começado sem as ciências, que se ocupam destes corpos, das leis que os regem na sua composição, combinações, e relações. A física, a química, e a botânica, eis as ciências indispensáveis para o estudo da medicina, elas nos fornecem documentos infinitos, já para explicar os fenômenos do organismo, já para apreciar a composição e ação dos corpos, já para procurar os meios medicamentosos e mecãnicos aplicados à conservação da saúde e cura das moléstias; e em que país falo eu, da importância da química e da botânica? a química, essa ciência toda nova, a quem tanto deve a geração atual, e que, se excetuarmos os fenômenos do sentimento, e da inteligência, abraça tudo, e aplica-se a tudo, que acabada completamente será a ciência do universo, e que de acordo com a economia política parece destinada a mudar totalmente a face do nosso globo; a botânica, que nos ensina a destinguir os entes, de que a medicina tira a maior parte dos seus meios terapêuticos, e que é a mãe da agricultura, estas duas ciências, digo, que benefícios imensos não devem derramar sobre o nosso Brasil, logo que se procurar animar a nossa mocidade e adquirir por meio delas o gosto da observação e do positivo? Somente elas nos poderão livrar de receber do estrangeiro mil substâncias, que superabundam entre nós; e oxalá não só os médicos fossem obrigados a estudá-las, mas que todos os pais de família se convencessem do que dizia muitas veres o célebre Thenardo no seu curso de química perante a estudiosa, e instruída mocidade francesa, que hoje a educação de um moço são pode ser completa, se ele não tiver noções destas ciências. Infelizmente nós ainda estamos muito longe deste apuro, e o pai brasileiro mais desvelado pela educação de seus filhos, mui dificilmente poderia mandar-lhes dar essas noções. Entretanto o Brasil, que tanto