o cuidado dos seus deveres, e o necessário hábito de mandar sem despotismo o de obedecer sem servilismo.
Não concluirei este discurso sem repetir a V. Exª que o intento do Regente Interino criando este colégio, é oferecer um exemplar ou norma aos que já se acham instituídos nesta Capital por alguns particulares; convencido como está de que a educação colegial é preferível à educação privada.
Nenhum cálculo de interesse pecuniário, nenhum motivo menos nobre, e menos patriótico, que o desejo da boa educação da mocidade e do estabelecimento de proveitosos estudos, influiu na deliberação do governo. Revela, pois, ser fiel a este princípio; manter e unicamente adotar os bons métodos; resistir a inovações que não tenham a sanção do tempo e o abono de felizes resultados; prescrever e fazer abortar todas as espertezas de especuladores astutos, que ilaqueiam a credulidade dos pais de família com promessas de fáceis e rápidos progressos na educação do seus filhos; e repelir os charlatães que aspiram à celebridade, inculcando princípios e métodos que a razão desconhece, e muitas vezes assustada reprova. Que importa que a severidade de nossa disciplina, que a prudência, e a salutar lenteza com que procedemos nas reformas, afastem do colégio muitos alunos? O tempo que é sempre o condutor da verdade e o destruidor da impostura, fará conhecer o seu erro. O governo o fita à mais perfeita educação da mocidade; ele deixa (com não pequeno pesar) as novidades, e a celebridade aos especuladores, que fazem do ensino da mocidade um tráfico mercantil, e que nada interessam na moral, e na felicidade de seus alunos. Ao governo só cabe semear para colher no futuro.
Penetrado destas verdades, e depositando em V. Exª a máxima confiança, o Regente Interino se congratula com os pais de família, pelos bons estudos, que dirigidos por V. Exª. mediante as luzes de tão distintos professores, vão abrir a seus filhos uma carreira de glória, e fazê-los entrar no santuário do verdadeiro saber. O saber é força; e é V. Exª que vai ser o moderador desta força irresistível, desta condição vital da sociedade moderna.
E V. Exª colocado à testa da civilização, e da instrução fluminense, está constituido o pai, e o apóstolo desta esperançosa mocidade, que aprendendo em V. Exª a independência da virtude, a firmeza de caráter, a energia, e o valor da ciência, a pureza da moral, e o respeito da religião, tem de dar à pátria, à nação, à liberdade, ao trono e ao altar, servidores fiéis, honra e glória do nome brasileiro. É trabalhosa a tarefa, mas V. Exª é digno de desempenhá-la e calada a inveja, e triunfante a razão, o Rio do Janeiro agradecido colocará o nome de V. Exª na lista da humanidade.
Queira a Providência Divina favorecer as justas esperanças do Regente Interino, o do governo do Brasil. (Discurso inaugural no