A instrução e o Império - 1º vol.

pelo modo, fazem um uso completo de suas faculdades, e daí resultam vantagens imensas para a sua instrução; deve notar-se que um menino atento, dócil e trabalhador, é bom companheiro, e será depois bom filho, bom pai, e bom cidadão. Finalmente é um dever inspirar a tempo aos meninos o amor do trabalho, o gosto da ordem e temperança, a economia, o respeito filial e a submissão às leis; são estas as virtudes sociais que adoçam as relações recíprocas dos homens. Mas a lição mais útil aos meninos é a que o mestre lhes dá pelo exemplo; a sua reputação é a única garantia para as famílias; é só conservando a sua estima, e merecendo a veneração dos homens do bem, é que deixará de tornar difícil o respeito que deve conciliar na parte dos discípulos e do público, de quem tem a honra de assinar-se muito obrigado — José de Gouvêa Rego. (Do Jornal do Comércio de 11 de outubro de 1834).

Ensino Artístico

"Primeira distribuição pública de prêmios, em 19 de dezembro do corrente ano" - 11 horas da manhã chegou o exmº ministro do Império, protetor da Academia, e foi recebido na entrada do vestíbulo pelos srs. lentes, cumprimentado, em nome da congregação pelo sr. diretor Felix Emilio Taunay e conduzido à tribuna da sala semicircular, onde sentando-se, e mandando sentar a todos, permitiu que se abrisse a sessão: o que sendo feito, o diretor levantou-se e pronunciou a seguinte fala: "... Da mesma forma, que nos princípios do décimo quinto século, a queda de Constantinopla espalhou por toda a Europa ocidental as luzes do oriente; em 1815 a catástrofe do império de Napoleão deu lugar a que muitos artistas procurassem terras mais sossegadas, animando-se então alguns com o auxílio e as promessas do Encarregado ds Negócios do Príncipe Regente, em Paris, a passarem para o Brasil. É esta a origem da Academia de Belas-Artes do Rio do Janeiro, de cuja história será talvez a propósito dar aqui um leve esboço; obviando desta forma as arguições que lhe podem ser feitas do pouco que contribuiu para o adiantamento do Brasil. Ela foi criada em fins do ano de 1816 debaixo do patronato do Conde da Barca, e logo se fez o orçamento, e destinaram-se os fundos para a construção do atual palácio, cujos trabalhos incumbidos ao sr. lente Grand-Jean de Montigny, enriqueceram o Rio de Janeiro do seu mais elegante edifício. Aliás nada se fez para tornar útil a presença dos distintos artistas que tinham sido chamados e antes que houvesse organização alguma, um a um quase todos desapareceram, ou ceifados pela morte, ou revogados pelas saudades do solo natalício, ficando a mocidade brasileira privada do