A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

do vice-reino unido, na colaboração de certos elementos do Artiguismo, na própria orientação deste em fazer do Uruguai, sob o lábaro federal, uma das Províncias-Unidas, e no esforço militar comum contra o Brasil, a finalidade geográfica criava íntimas comunhões de propósitos, de planos e de ação entre as duas populações.

Cambiavam os homens, alteravam-se os acontecimentos, mas cooperavam sempre, para alvos coletivos, grupos situados de um e de outro lado do estuário e dos rios lindeiros. Nas lutas políticas, cruentas em regra, todo triunfo ou toda derrota de um dos partidos traduzia-se por uma migração através do rio da Prata. Cada um fazia da margem oposta, estrangeira, o quartel-general de conspiratas para intervir nos negócios internos de seu próprio país. E como, em cada Estado, havia agremiações que se degladiavam, eram certas a afinidade e a adesão a uma delas dos imigrados da outra banda, com o fito de lhe merecer auxílio e proteção para seus próprios intuitos revolucionários.

Instabilidade permanente que muito tempo dominou toda a política platina, quer a dos povos ribeirinhos, quer a do Brasil. Vizinho, era partícipe forçado nas questões regionais que lhe afetavam os interesses vitais, tanto no Rio Grande do sul, quanto no Paraguai e em Mato Grosso.

De fato, Uruguai, Paraná e Paraguai formam uma rede fluvial à beira da qual estão assentes cinco nações: Bolívia, Argentina, Paraguai, Brasil e Uruguai, e nascem interdependências políticas sérias, que não consentem a cada qual delas ficar indiferente aos fatos que têm por teatro quaisquer das outras.

Por outro lado, para dar uma tradução numérica desses movimentos migratórios, bastará lembrar que os unitários, perseguidos pelos federais argentinos, colorados, e homiziados na Banda oriental, se escalonavam de Montevidéu a Paissandu, principalmente neste último ponto, que