A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

podia considerar-se o centro de gravidade de toda a massa de foragidos. Seu número elevou-se a cerca de 14.000, em fase na qual o povo uruguaio contava de 75.000 a 80.000 almas, ao todo. Vê-se o influxo enorme que tais adventícios, representando quase 20% da população, exerciam no conjunto, e maior se afigura ainda, em se considerando que eram homens de luta, pelo pensamento e pela ação, forças morais temperadas pelas alternativas da fortuna política, energias materiais experimentadas e robustecidas pelos combates e pelos sofrimentos.

Impossivel, portanto, dado o temperamento argentino-uruguaio, e nas conjunturas revolucionárias que se estenderam até 1852, que tais elementos se mantivessem neutros. Uns e outros procurariam aliar-se, à feição das conveniências comuns.

Na luta, que dentro em breve descreveremos, entre Lavalleja e Fructuoso Rivera, foi este quem primeiro se associou aos militares argentinos, sob as ordens do general Juan Lavalle. A aproximação caseira, aliás, da campanha comum contra o Brasil. Foi o motivo da hostilidade pessoal nutrida por D. Juan Manuel de Rozas contra o caudilho uruguaio. Lavalleja, a quem se acusava também de privar com tais imigrados, era governo e, como tal, mantinha tal ou qual neutralidade oficial. A princípio, até, a um de seus ministros, o da Guerra, o coronel Oribe, se apresentou como quase agente de Buenos Aires, a lhe executar as ordens. Mas logo se restabeleceu a sã doutrina, e se afirmou a dignidade, a autonomia internacional do governo de Montevidéu, o ministro das Relações Exteriores, D. Juan Francisco Giró, pelo envio de uma nota, que publicamente exautorou a fraqueza do despacho de Oribe e manteve a atitude neutral da República.

Rozas, contrariadíssimo embora, não protestou. Via a luta claramente estabelecida entre os dous contendores pela primazia no Uruguai. Rivera, mais do que o governador, era adeso aos imigrados argentinos, e tinha probabilidade