de um país, que não permitia ao incêndio estender-se a ponto de comprometer a paz da Europa.
Tudo colaborava em tal exacerbação do sentimento chauvin de sede de vitórias; a lenda napoleônica, as auras da epopeia revolucionária, os poetas, os cançonetistas, os autores teatrais, os pintores, os historiadores. \"Tout pour la France et par la France\", era a senha; e Metternich, inquieto, sublinhava que o brado, agradável aos ouvidos franceses, soava discordante para o mundo inteiro.
Uma lei argentina, de 1° de abril de 1821, estendia o serviço de guarda nacional aos estrangeiros possuidores de bens de raiz ou instalados com oficinas, casas de varejo ou casas de atacado, desde que tivessem mais de dous anos de residência no país. Até 1830, nenhum protesto levantou; nesse ano, porém, o cônsul de França, em Buenos Aires, exigiu que seus patrícios fossem isentos de tal encargo, nos termos de um acordo celebrado no ano anterior, entre o comandante da estação naval, o visconde de Vétancourt, representando os franceses armados e o governo intruso do general Rodriguez, por ocasião da revolta dos unitários contra Dorrego; acordo nulo de pleno direito, por falta de poder dos contraentes. Alegava, além disso, que dessa isenção gozavam os súditos ingleses.
Encetou-se uma discussão, de natureza jurídica, sobre o estatuto dos estrangeiros, e o ministro de Buenos Aires, Anchorena, acrescentou ter sido a isenção britânica resultado de um acordo, que fora negociado.
Encerrado estava o debate, fazia sete anos, quando, a 30 de novembro de 1837, um vice-cônsul, com exercício na capital da Confederação, Aimé Roger, renovou a discussão, tratando de alguns casos concretos. Na sua nota, o funcionário declarava que, se o governo lhe não deferisse o pedido, a França lançaria mão dos meios necessários para serem respeitados seus interesses e sua dignidade.