A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

isto é, do Oiapoque ao Prata, e portanto toda ocupação de território da margem direita do Oiapoque para o sul é uma verdadeira usurpação, um ato de evidente hostilidade que não era de se esperar entre nações amigas, sem provocação nem prévia declaração de guerra.

A ocasião escolhida pela França para tentar uma agressão contra o Brasil está pouco em harmonia com o caráter generoso dos franceses. Atacar um soberano durante sua menoridade, quando duas das províncias fronteiriças do Império parece deverem arrastá-lo a uma dissolução geral, é menos fazer a guerra do que proteger a rebeldia. E se um dos pretextos mais plausíveis para tal ocupação é o direito de opor um dique à torrente devastadora da barbaria contra a civilização, tal pretexto não existe mais, pois, graças à Providência, a Província do Pará caminha rapidamente para seu restabelecimento, e tem-se esperanças bem fundadas de aí ter, dentro em poucos meses, tudo em ordem e a paz assegurada.

Tendo, tanto que me é possível fazê-lo, demonstrado com quanta injustiça o governo francês ordenou a V. Exª. a ocupação de uma posição qualquer a sul do Oiapoque, devo, como primeira autoridade desta Província, e em nome de meu soberano, intimar a V. Exª. a ordenar às tropas que aí se acham para que se retirem, deixando aos respectivos gabinetes a decisão amigável dessa importante questão, no sentido da Justiça, e conforme decidiu o Tratado de Viena".

Bela e digna página de patriotismo do brasileiro adotivo que era Soares de Andréa.

Por essa época, foi Feijó substituído por Pedro de Araujo Lima, e tomaram conta da pasta dos estrangeiros Maciel Monteiro, Candido Baptista de Oliveira e Caetano Maria Lopes Gansa, sucessivamente. Logo se tornou mais premente a instante a reclamação brasileira em Paris.

Moutinho, sempre tímido, atenuava quanto podia o cumprimento das ordens recebidas. Não via que nem só amesquinhava a dignidade do país, como enfraquecia o