A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

Subiu o Essequibo, entrou por um afluente da margem esquerda, e, atravessando florestas e savanas, chegou a umas alturas donde avistava os campos de Pirara. A essa planície, por vezes inundada, atribuiu a lenda do lago do ouro, ou El-Dorado, ou Parima, pois quando alagada devia semelhar um mar interior.

Aconteceu encontrar uma patrulha de São Joaquim, soldados e índios, em duas canoas. Não podia, o cabo dela, levar o inglês à sede da guarnição, em vista das ordens em vigor; mas sugeriu fosse descendo o estrangeiro vagarosamente em uma das embarcações, águas abaixo do Pirara, do Maú e do Tacutu, enquanto a outra, rapidamente, iria adiante, levando uma carta de pedido de licença para chegar ao forte.

Quatro dias durou a descida; ao anoitecer o último, tornou o barco de vanguarda com a resposta do português. Muito amável, embora, era negativa, em face das ordens que tinha. Waterton, doente, parou em uma aldeia de índios, nas proximidades do povoado, e aí o comandante o foi visitar. Condoeu-se do estado do viajante, e, violando a senha, o levou a tratar-se em São Joaquim. Em seu livro, Wanderings in South America, narra o explorador, comovido, o carinho com que foi recebido e a hospitalidade que lhe prodigalizou o oficial.

Mais uma prova de ser esse o único centro de população daquela zona deserta, e de continuarem ininterruptos policiamento, vigilância e jurisdição dos funcionários lusitanos.

Dezesseis anos decorreram sem que tal ermo fosse novamente visitado por forasteiros. Só em 1828, dous viajantes, Smith e o tenente da marinha inglesa Gullifer, chegaram em terras do Alto Essequibo e foram até São Joaquim, onde se hospedaram, após privações sem nome. Prosseguiram em sua derrota pelos rios abaixo; Smith, já na barra do rio Negro, morreu, e Gullifer conseguiu chegar a Belém.