A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

um soberano, de quem tudo dependeria na vida nacional, ansiosa por desabrochar sob um governo definitivo; quem relê as regras editadas pelo marquês de Itanhaém, por frei Pedro, por D. Marianna, sente a piedade confranger o coração, e, entre tanta minúcia para fazer surgir o homem de bem, o Imperador, indaga quando, à pequena vítima de tanta norma pedagógica, lhe seria lícito lembrar-se que tinha seis anos ou dez, e partilhar brincos de meninice.

Sombrio destino, que suprimia o botão e a flor, para só cuidar do fruto. O horror e o martírio sinistro da infância dos prodígios precoces.

Conserva a história anedótica alguns restos dessa deformação mental. Um dos mais amargos, publicou A Verdade de 6 de agosto de 1832, narrando as impressões de Pedro II, com menos de sete anos, sobre os acontecimentos de 30 de julho, em virtude dos quais Feijó se demitiu de ministro da Justiça. Em meio de expressões infantis, a preocupação política desponta. A correspondência do pai, os rumores da rua, as lutas partidárias, a feitura das leis, as desordens e as mortes; todos esses elementos perturbam a paz desse cerebrozinho de pouco mais de seis anos, que já cogita de seu dever futuro, e nos meios de atender a suas vindouras responsabilidades. E, nesse desacordo entre a tarefa e as forças da principal personagem em que repousa a esperança nacional, faz-se ouvir a queixa trágica e dorida: "Algum dia eu premiarei tanta amizade. Agora sou um pobre órfão sem pai nem mãe... Eu não sou criança feliz..."

Para satisfazer os anseios naturais de afeição feminina que toda criança exige, em falta de mãe tão cedo desaparecida, ficava a aia D. Mariana, Dadama como a chamava o imperial pupilo. Ninguém, quanto a virtuosa senhora, obteve o filial afeto do órfão. Segunda mãe, com razão a chamou Max Fleiuss.

Das outras personalidades que o educaram, recebia D. Pedro carinhos outros, ensino, noções de obediência a princípios