morais, conselhos. Retribuía a tais sentimentos, com matizes correspondentes: amizade, gratidão e respeitosa confiança a frei Pedro de Santa-Mariana; mais acentuado respeito, quanto ao marquês-tutor; certa admiração e docilidade às ponderações políticas, quanto a Araujo Viana; tal ou qual fascinação pelas facetas brilhantes do espírito superior que era Aureliano.
Afeição, pura e simples, sem qualificativos, nutria pela mulher superior que o criara. Esta, bem o mostra o que se conhece de sua correspondência, lhe queria como filho, sem nunca esquecer que era o Imperador. Nessa qualidade de sentimentos, orientou a educação do menino. "Imperador", chamava-o; mas o tratava por "você", para com a doçura do falar quase materno corrigir a frieza e o longínquo do título imperial.
Fez-se autora, para melhor lhe ensinar o catecismo. Deu-lhe os rudimentos de leitura e de escrita. Habituou-o a sempre se considerar responsável perante si próprio e perante o país. Familiarizou-o com a noção de que devia agir, não para si, mas para a nação, inda com o maior sacrifício. Desde a mais tenra puerícia, se encontram as raízes dessa rigidez moral, até nas impressões que A Verdade divulgou. "Não quero ter vícios. Vós me dizeis que pelos vícios os chefes das Nações se perdem".
Na grande crise sentimental que foi a chegada da Imperatriz D. Thereza Christina, em 1843, claras ficaram a confiança absoluta de D. Pedro em sua aia, e a influência moral desta sobre seu filho adotivo.
Nenhuma falta de respeito existe em rememorar o que todo o Brasil sabia sobre o enlace imperial.
Casamento dinástico, negociado como questão de Estado, nele não havia lugar para sentimentalidade. Inda assim, tinha D. Pedro dezoito anos, e, jovem, isolado das cortes europeias, sonhara com o modelo do retrato que lhe havia sido enviado de sua noiva.
Lisonja, ou necessidade, largamente usara o artista do preceito horaciano: "pictoribus atque poetis, quidlibet audendi sempre fuit aequa potestas."