A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

E era certo que à excelsa beleza moral da joven princesa das Duas Sicilias não correspondia invólucro terreno de igual primor. A pintura buscara atenuar o contraste.

A chegada da futura Imperatriz ao Rio restabelecera os valores, causando em D. Pedro o mais inesperado desapontamento. "Enganaram-me, Dadama", exclamava, desolado, a sós com a veneranda D. Mariana. E, cousa mais grave, prenhe de consequências ameaçadoras, em que o adolescente não refletia, queria alegar o engano para o desfazer. Foi a futura condessa de Belmonte quem o dissuadiu, abrindo-lhe os olhos, e, mais uma vez, lembrando ao pupilo seu dever como chefe de Estado, tão diverso do de um simples particular.

Nesse dia, o serviço prestado pela camareira-mor foi dúplice, ao Brasil, e ao Imperador. Ao Brasil, porque conservou em nossa terra a santa criatura que mereceu, coroa imarcescível, bem mais alta e duradoura do que a do Império, ser aclamada a Mãe dos brasileiros. A D. Pedro II, porque lhe manteve ao lado aquela, a quem, ele próprio, chamou

"...doce companheira

Da fortuna e do exílio, verdadeira

Metade de minh'alma entristecida"

Mesmo depois de ter passado aos cuidados de frei Pedro, não se interrompeu o influxo de D. Mariana, que sempre representou junto ao príncipe o elemento de ternura e de carinho feminino da mãe, que ele não conhecera.

Nada, que de longe se aproxime, se pode dizer do demais pessoal de senhoras que lhe cercaram os primeiros tempos. Não deixaram traços de sua presença.

Dos homens incumbidos da educação do futuro Imperador, a lista é longa, e de valia desigual na formação do Soberano.