O tutor escolhido por D. Pedro, José Bonifácio de Andrada e Silva, não exerceu papel digno de menção nesse processo elaborador. Tinha 68 anos em 1831, e seu pupilo apenas cinco. Gênio dominador, de contornos acentuados; pouco conciliador, altivo e absoluto, não possuía a meiguice, a tolerância e a infinita paciência bondosa que caracterizam "l'art d'être grand-père".
No desempenho de suas funções, sobrelevava o dever de resguardar a vida e os privilégios do Imperador. Quando os julgou ameaçados pelo liberalismo excessivo das Regências, com seus irmãos animou aos restauradores do governo de D. Pedro I, chegando Antonio Carlos a seguir para a Europa, a fim de obter a anuência, recusada aliás, do primeiro Imperador às manobras partidárias, no Brasil, tendentes a recolocá-lo no trono de que abdicara. Foi José Bonifácio, com todas as suas qualidades de governo, contraindicadas para a missão de família que devia exercer, menos tutor do que político militante.
Seu sucessor, o marquês de Itanhaém, Manoel Ignacio de Andrade Souto Maior Pinto Coelho, ao contrário, era a negação do espírito partidário. Absolutamente equânime, nem sequer nos debates mais acesos, nos da maioridade, por exemplo, deixou de merecer a confiança de todos os grupos em contenda. Manteve-se, exclusivamente, no seu papel de tutor, presidindo ao crescimento e à formação mental do futuro soberano. Era, precisamente, o programa adotado pelas Regências, contra todas as tentativas caramurus.
Feijó, a princípio, Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho, em seguida, tinham capitaneado a luta contra os restauradores. Ambos levavam a responsabilidade de tais distúrbios aos Andradas. Daí, a tentativa de destituição do tutor, chefe da tríade ilustre, em 1832, e a realização dela no ano imediato. Não parece terem errado os dous homens de Estado, pois fatos subsequentes apontam aos eminentes santistas como chefes do movimento revolucionário.