A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

Dos professores de especialidades, talvez um só se deva destacar, pelo cunho geral de sua ação na alma de D. Pedro: Felix Emilio Taunay, o barão de Taunay. A esse feitio especial de seu espírito, talvez, deveu passar a subpreceptor o antigo professor de desenho, pintura e belas-artes. Talvez aí, também, se encontre a explicação dessa afinidade entre mestre e discípulo, e que se encontra tão caracterizadamente descrita no epitáfio que o barão para si próprio traçou:

\"Philologue, à demi poète,

Admirateur fervent du beau
\"

De outro, do de esgrima, basta dizer que foi Luiz Alves de Lima e Silva, o futuro Caxias.

Não se pense, entretanto, que tais professores e pedagogos agissem a esmo, sem coordenação. Muito ao contrário, havia norma fixa de convergência de esforços. Ao marquês de Itanhaém cabe o mérito de a ter traçado.

Veso antigo é apontar ao tutor como inferior à missão educadora, e, quando muito, se lhe concedem bom senso, orientação conservadora e altos dotes morais.

Mais do que isso merece esse perfeito homem de bem, católico praticante, a debulhar as contas do rosário em seus passeios da tarde na Quinta da Boa Vista, temperamento uxório que o levou a casar quatro vezes, já sexagenário quando pela última.

Compreendia por extenso a gravidade da incumbência que lhe haviam posto aos ombros. Dessa criança com tantas heranças tempestuosas — a lutar o sangue dos Braganças com o dos Bourbons d\'Espanha, e ainda com ascendentes Habsburgos —, desse laboratório moral e mental, com agentes reatores tão revoltos, era preciso fazer um soberano constitucional, respeitador da lei, das opiniões alheias, equilibrado, fugindo por igual aos excessos ancestrais.

Cousas a evitar, por um lado. Cousas a criar, por outro.