A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

Ensinassem-lhe a animar a indústria, o comércio, a agricultura e as artes; e que isto só se conseguiria pelo estudo das ciências todas "das quais o primeiro e principal objeto é sempre o corpo e a alma do homem; vindo, portanto, a achar-se a política e a religião no amor dos homens". Esse, aliás, era o fim de todas as ciências, pois se promovessem o mal, em vez do bem, da humanidade, não seriam ciências, senão erros e prejuízos da inteligência.

Não abusassem, porém. Nada de fazer do Imperador um literato supersticioso, ou um político frenético. Bem podia ser um grande monarca o Sr. D. Pedro II, "sendo justo, sabido, honrado e virtuoso e amante da felicidade dos seus súditos, sem ter precisão alguma de vexar os povos com tiranias e violentas extorsões de dinheiro e de sangue".

"Não custa nada encaminhar-lhe o entendimento sempre para o bem e a verdade", dependendo isso dos mestres com seu ensino e seu exemplo". "Não olhem para os livros das escolas, mas tão somente para o livro da natureza, corpo e alma do homem; porque fora disto só pode haver ciência de papagaio ou de menino de escola, mas não verdade nem conhecimento exato das cousas, e dos homens, e de Deus".

No penúltimo parágrafo, dá uma regra de vida que, pela invariável observância que dela fez D. Pedro II, bem se vê quão fundamente se gravou na alma do adolescente. "Finalmente, não deixarão os mestres do Imperador de lhe repetir todos os dias que um monarca, toda a vez que não cuida seriamente dos deveres do trono, vem sempre a ser vítima dos erros, caprichos e iniquidades dos seus ministros, cujos erros, caprichos e iniquidades são sempre a origem das revoluções e guerras civis; e então paga o justo pelos pecadores, e o monarca é o que padece, enquanto que seus ministros sempre ficam-se rindo e cheios de dinheiro e de toda a sorte de comodidades. Por isso cumpre absolutamente ao monarca ler com atenção todos os jornais e periódicos da Corte e das Províncias; e, além