A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

disto, receber com atenção todas as queixas e representações que qualquer pessoa lhe fizer contra os ministros de Estado, pois só tendo conhecimento da vida pública e privada de cada um dos seus ministros e agentes, é que o monarca pode saber, se os deve conservar ou demiti-los imediatamente e nomear outros que melhor cumpram seus deveres e façam a felicidade da Nação".

Quem conhece a vida do Imperador, pode avaliar quão fielmente se compenetrou de todas essas máximas, interpretadas sem mesquinhez e com larga inteligência generosa e sadia.

Não podia ser um nulo, o homem que tinha sabido formular tais preceitos, nem que fosse com colaboradores escolhidos, e que, na sua própria existência e nos limites próprios, os aplicava sem fraqueza.

E os resultados logo se patentearam.

Já em 1840, três anos antes do prazo legal, D. Pedro II revelava o aproveitamento da pedagogia especial a que fora submetido.

Era ordeiro, pontual, calmo e ponderado. Dominava-se e não se deixava dominar por outrem, nem transparecer seus próprios sentimentos. Notável, sua equanimidade; era sempre o mesmo, em quaisquer circunstâncias, na dor como no júbilo. Dócil, obedeceu em várias ocasiões, já depois de casado, às ponderações de frei Pedro. Não se entregava por completo, por maior a confiança que tivesse em seu interlocutor. Desconfiava de todos, até que tivesse prova absoluta da valia moral do interessado; mas, então, abria largo o crédito. Parecia frio, por esconder suas emoções, e daí a lenda de sua insensibilidade. Nunca estabeleceu comunicação franca entre sua vida de homem público e o recesso de sua vida privada. Sabia quão raros, em torno do trono, são o desinteresse e a sinceridade, e, por isso, por prudência e para evitar desilusões dolorosas, nunca teve validos políticos. Poucos, mas sólidos e inatacáveis, foram os amigos pessoais, quase sem