vida pública todos eles: Luiz Pedreira do Couto Ferraz, que até sacrificou sua carreira política por amizade e dedicação a D. Pedro; os mestres de sua infância, frei Pedro, Sapucahy, Taunay (dos quais Araujo Viana, por lealdade, se foi alheando dos embates partidários), infundiam um sentimento de respeitosa gratidão. Excepcional, a posição da condessa de Belmonte, quase-mãe do jovem soberano.
Aureliano, chefe do grupo do paço, como vimos, largamente influente na fase inicial do reinado, foi decaindo em seu prestígio pessoal junto ao Imperador, à medida que este se foi emancipando de influências políticas, para, por si só, exercer sua dúplice função, a privativa de depositário do poder moderador, e a de chefe do poder executivo, cojuntamente com seus ministros.
Nesse aspecto oficial, público, de sua missão como chefe de Estado, não admitia intimidades; era sempre o Imperador, e exigia que o reconhecessem. Por isso, não tolerava que lhe tomassem, ou mesmo aparentassem tomar, a primazia. A muitos, que se julgavam imprescindíveis, fez sentir o erro; nisso, aliás, não havia propriamente orgulho pessoal, senão o conceito da disciplina devida ao primeiro dos funcionários nacionais. Como tal, ninguém lhe poderia, nem deveria tomar a dianteira. Seu patriotismo, exaltado e sem mescla, revelava-se nos menores detalhes, até nas preferências de sua frugalíssima mesa. A guerra do Paraguai, encontrando-o, em 1865, com quarenta anos de idade, forte, louro e moço, cinco anos depois deixava-o velho, encanecido e enrugado.
Como funcionário, era modelar, e disso se envaidevia. Fiscalizava tudo, atos e homens. Sua caridade, oculta e eficaz, podia exercer-se em favor de indivíduos sofredores; mas, no cumprimeito do serviço público, ignorava tal sentimento, embora o ferido pela austeridade imperial viesse, depois, a ser socorrido por este, particularmente.