Pode-se ir além, entretanto, e tranquilamente afirmar o mérito do homem público, na visão e no meneio das questões políticas.
Dos principais problemas legados pelo reino-unido ao Brasil independente, D. Pedro II já encontrara solvidos a Independência, a monarquia, a unidade nacional. Criança coroada, não influíra na pacificação final do Maranhão. Teve de intervir no restabelecimento da ordem, no Rio Grande do Sul, em São Paulo e em Minas Gerais.
Após as publicações do recente centenário, quer as do Instituto Histórico, quer a do O Jornal, não é mais lícito escurecer o trabalho permanente, contínuo, de gota d'água a furar a pedra, com que o chefe de Estado procurou remover as dificuldades à extinção do tráfico e do próprio instituto servil. Mantinha aceso o entusiasmo pela causa humana. Quebrara a monotonia do silêncio, que o interesse partidário porfiava em manter. Apoiava os ministros emancipadores, como o fizera para o gabinete que fez cessar a importação africana. Provocava as declarações libertadoras das Falas do Trono. Praticava gestos, que lhe censuravam oficialmente ministérios e partidos, como agitadores do temido problema abolicionista.
Se aos realizadores das várias etapas da solução fina], a Eusebio, ao primeiro Rio Branco, a Dantas e a Saraiva se atribui, com tanta justiça, o nome de estadistas, que se dirá daquele, cujo pensamento augusto, sem interrupção, foi o traço permanente nas mutações políticas, que animou aos mais tímidos, alentou aos lutadores, sacudiu os inertes, convenceu aos interesses receosos, e, do começo ao fim da campanha, por sua indefesa atividade moral e intelectual, conquistou ao ambiente, primitivamente hostil?
Como qualificar seu zelo pela cultura nacional, seu carinho por todas as manifestações da inteligência, desde a escola que forma os povos, às viagens que revelavam o Brasil, e às indagações científicas que ampliam o domínio do mundo sensível?