A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

gozava de grande prestígio junto à família imperial e à roda de D. Pedro II.

Já Antonio Carlos não possuía os mesmos elementos de predomínio pessoal e de ação pública.

No torvelinho das paixões partidárias, eram esquecidas as belas páginas da vida do deputado brasileiro, líder de seus patrícios na Constituinte portuguesa de 1821. Perduravam na memória, apenas, as mudanças numerosas de atitudes desse grande e belo espírito, pouco cioso de coerência, quando as condições ambientes mudavam.

Desse ponto de vista, como confiar na segurança do rumo seguido pelo homem que, sucessivamente, fora, quando não conivente prático, pelo menos sabedor e partícipe moral do levante pernambucano de 1817; autoritário nas condições de exercício do governo, e, ao mesmo tempo, contrário ao alargamento do poder majestático, que deveria em tudo ceder ao parlamento e ao gabinete emanado deste; exaltado em demasia após a queda do ministério de José Bonifácio; corcunda restaurador após o 7 de abril, a ponto de desempenhar a missão de 1833 à Europa a concitar o já então duque de Bragança, em nome dos chefes mais influentes do partido, a voltar ao Brasil e reassumir o governo efetivo do Império; liberal sincero quando deputado por São Paulo em 1838, adversário de qualquer retoque no Ato Adicional, antes de 1840, e pelo menos contemporizando com a lei interpretativa desse mesmo ano, quando ministro?

Certo, não se discutem a honestidade e a elevação de motivos dessas atitudes contraditórias. Mas, contradição permanente era toda essa política. Impulsivo, pessoal em extremo, fundamente emotivo, sincero sempre nas posições divergentes, seguia mais do que reagia ao ambiente. Este o dominava, mais do que era por ele senhoreado. E nem sempre era ao sentir geral do país que obedecia, senão ao grupo estreito que o cercava. Homem do partido, e exaltado, tal coeficiente de erro muita vez o induzia a assumir posições menos convenientes ao interesse nacional. Quando se